Mosab Hassan Yousef, popularmente conhecido como “Filho do H4M4S” ou “Príncipe Verde”, filho de um dos fundadores do H4M4S, Sheikh Hassan Yousef, não apenas virou as costas para seu povo e sua história, mas agora se coloca ativamente contra um esforço crucial para aliviar o sofrimento em Gaza. Ele convocou uma “contra-flotilha” para se opor à Global Sumud Flotilla, uma frota de embarcações que carrega ajuda humanitária vital para a população palestina sitiada.
A Global Sumud Flotilla, composta por mais de 50 embarcações e centenas de voluntários, está levando alimentos, medicamentos e suprimentos essenciais diretamente a um povo que enfrenta a fome como arma de guerra. A frota, que já sofreu ataques de drones e explosões enquanto navegava em águas internacionais, representa a solidariedade global em sua forma mais pura e desesperada.
A Flotilha busca furar o bloqueio israelense a Gaza e possibilitar a criação de um corredor humanitário que leve ajuda contínua à região.
Em contraste chocante, Mosab, que se tornou um ferrenho ativista pró-Israel após colaborar por anos com o Shin Bet (serviço secreto israelense), usou suas plataformas sociais para incitar cidadãos israelenses a se mobilizarem contra a frota de ajuda. Ele convocou donos de barcos israelenses, os “lobos do mar”, a formarem uma “muralha azul e branca” para se opor à passagem dos ativistas, chamando a frota humanitária de “simpatizantes de terroristas” e uma tentativa de “caluniar” Israel.
É imperativo nomear este ato pelo que ele é: uma traição abjeta e um endosso à política de desumanização do seu próprio povo. Ao pedir uma mobilização naval para intimidar e deter navios carregados de ajuda – uma operação que ele insiste que deve ser coordenada com a Marinha Israelense –, Mosab se torna um cúmplice direto no prolongamento do sofrimento em Gaza. Ele não apenas legitima o bloqueio, mas ataca diretamente a mão que tenta estender socorro.
Desde junho de 2025, muitas mortes foram registradas semanalmente em decorrência direta da fome.
A retórica de Mosab ignora cruelmente o contexto humanitário devastador. Ele desqualifica uma missão internacional de socorro como uma “manobra de caos” para “dar uma linha de vida ao H4M4S”, distorcendo a realidade de que a frota carrega ajuda básica para civís inocentes, que incluem crianças, idosos e feridos. Este é o ápice da sua alienação: ele prioriza a narrativa de segurança de seu novo lado em detrimento da vida e da dignidade dos palestinos.
Seu apelo à “presença” israelense no mar, mesmo que sem “abalroamento” – uma ressalva cínica, considerando o histórico de ataques violentos contra flotilhas anteriores, como o do Mavi Marmara em 2010 –, serve apenas como um catalisador para uma potencial escalada de violência. O objetivo claro é a intimidação e o cerco, forçando a Global Sumud Flotilla a abortar sua missão e, assim, consolidando o controle sobre quem vive e quem morre em Gaza.
A narrativa do “Príncipe Verde” como um “dissidente” ou “pacifista” desmorona diante desta convocação. Seu ativismo atual não é um clamor pela paz justa e pela coexistência, mas sim uma ferramenta de propaganda que reforça a ocupação e o bloqueio, demonizando aqueles que buscam a solidariedade e o fim da opressão. Sua voz se tornou um eco estridente da máquina de guerra que ele afirma ter rejeitado. A profundidade de seu desprezo pela vida humana, inclusive, já foi exposta em falas desumanizantes como a de 2012, quando afirmou: “Se eu tiver que escolher entre 1,6 bilhão de muçulmanos e uma vaca, eu escolherei a vaca”, além de declarar que “O Islã não é uma religião de paz”.
Curiosamente, no Brasil, a figura de Mosab Hassan Yousef e sua história de colaboração com Israel ganharam ampla popularidade. Seus livros foram amplamente divulgados e vendidos, tornando-se best-sellers e alcançando o público em geral, até mesmo em livrarias de rodoviárias, consolidando uma narrativa pró-Israel no imaginário popular brasileiro, muitas vezes desvinculada do contexto da ocupação e da crise humanitária que ele agora ajuda a agravar.
Mosab chegou a participar de episódio no Flow Podcast durante visita ao Brasil.
Este episódio ressalta a profundidade da crise moral de Mosab. Tendo crescido em Gaza, ele detém um conhecimento íntimo da dor e das aspirações de seu povo. No entanto, ele escolheu usar essa familiaridade não para advogar por uma libertação justa, mas para pavimentar o caminho de seus opressores, endossando publicamente ações que visam impedir o alívio para uma população à beira do colapso.
É um momento de profunda reflexão sobre o que significa traição. Não é apenas uma mudança de lado; é a decisão ativa de agir contra os mais vulneráveis em nome dos poderosos. Mosab não está apenas traindo os palestinos, mas a própria humanidade. Ele está tentando frustrar um esforço desesperado para levar esperança e sustento a um povo que muito precisa.
A Global Sumud Flotilla deve ser protegida e deve ter sua passagem garantida. A convocação de Mosab é um lembrete sombrio de que a luta pela libertação palestina é travada em muitas frentes – não apenas contra o poder militar e político, mas também contra as vozes internas que abraçam a narrativa da desumanização para justificar a opressão. A história registrará quem escolheu se colocar contra aqueles que só queriam ajudar.
Referêcias:
@MOSABHASANYOSEF. X. 27 set. 2025.
O ANTAGONISTA. ‘Filho do …’ convoca contra-flotilha israelense em resposta a ativistas. 30 set. 2025.
MILLER, Elhanan. Islam is ‘a religion of war,’ says son of … founder on a visit to his ‘beloved Israel’. Times of Israel. 20 jun. 2012.
BENSON, Pesach. Son of … calls for Israelis to launch ‘counter-flotilla’ against Gaza activists. The Jerusalem Post. 28 set. 2025.
KLEIMAN, Shachar. The Green Prince launches counter-flotilla against Greta Thunberg. Israel Hayom. 27 set. 2025.
FRONTLINE DEFENDERS. OPT: Israel must end attacks on Global Sumud Flotilla. 25 set. 2025.