Prática do Islã? – Conheça a verdadeira história por trás dos homens-bomba

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A narrativa comum que associa o terrorismo suicida intrinsecamente ao fanatismo religioso se desmorona diante de uma análise histórica rigorosa. Longe de ser um “retrocesso aos tempos medievais”, a tática é um produto inequívoco da modernidade, uma arma cujos precursores mais próximos são os anarquistas revolucionários da Europa do final do século XIX e não alguma comuna medieval, reinado, império ou califado longínquo. Sua evolução ao longo do século XX foi impulsionada por exércitos estatais e, de forma decisiva, por movimentos nacionalistas seculares que a refinaram como uma potente arma de guerra psicológica.

O ponto de partida dessa tática não foi no Oriente Médio, mas na Rússia imperial. Em 1881, o anarquista Ignaty Grinevitsky realizou o que é considerado o primeiro atentado suicida registrado, ao se lançar com uma bomba sobre o Czar Alexandre II. Este ato primordial estabeleceu um precedente fundamentalmente político, dissociado de qualquer motivação religiosa, marcando o nascimento de uma nova forma de violência política.

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A cena do assassinato imediatamente após a explosão da primeira bomba. Wikimedia Commons.

Décadas depois do atentado de Grinevitsky, encontramos a transição de um ato individual para uma tática militar organizada no âmbito de exércitos estatais. Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, na década de 1930, soldados chineses utilizaram “coletes explosivos” para destruir tanques japoneses. Certa vez, um soldado chinês detonou um desses coletes repletos de granadas e conseguiu vitimar 20 soldados japoneses na batalha do Armazém Sihang (1937). Por ironia do destino, essa prática foi levada ao extremo na Segunda Guerra Mundial poucos anos depois justamente pelos próprios japoneses, que transformaram o suicídio numa estratégia de guerra sancionada pelo Estado e imbuída de um nacionalismo fervoroso, originando os famosos pilotos Kamikaze.

Ficheiro:Chinese infantry soldier preparing a suicide vest of Model 24 hand grenades at the Battle of Taierzhuang against Japanese Tanks.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

Um soldado chinês vestindo um colete suicida feito de granadas.

Um outro precedente crucial, e de origem ocidental e secular, foi a doutrina do “bombardeio de terror” (terror bombing) implementada pela Força Aérea Real Britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Ao visar deliberadamente o moral da população civil inimiga, como definido na Diretiva do Comando de Bombardeio nº 22 de 1942, essa estratégia legitimou o ataque a não combatentes para fins militares. Essa lógica utilitarista, que suspende a ética em tempos de guerra, forneceu um modelo para futuras justificativas de ataques a civis por grupos não estatais.

Como aponta Abdal Hakim Murad (2004) em um brilhante artigo sobre as origens do terrorismo suicida, ao final da segunda guerra, um milhão de toneladas de explosivos de alto poder destrutivo choveram sobre cidades alemãs e meio milhão de civis morreram. Naquela época, a maioria dos britânicos apoiava explicitamente o bombardeio de alvos civis, sendo que há poucos anos haviam condenado veementemente. Um terço da economia de guerra foi direcionado para esse tipo de ataque, com o desenvolvimento de novas armas de destruição em massa, como bombas incendiárias, projetadas especificamente para maximizar a devastação de residências particulares. No entanto, após Dresden, que a história oficial do pós-guerra saudou como a “conquista máxima” da campanha de bombardeios, Churchill foi forçado a reconsiderar.

The destruction of Dresden, the “Florence of the Elbe”

Extensão da destruição de Dresden.

Embora no artigo Bombing Without Moonlight de Abdal Hakim seja mencionado o exemplo das cidades alemãs, podemos ir um pouco mais longe na história e encontrar potências ocidentais (e novamente a Inglaterra de Churchill) bombardeando civis em países muçulmanos. Após a Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha, buscando um método mais econômico para controlar seu vasto império, implementou a política de “policiamento aéreo” (aerial policing). No Mandato Britânico do Iraque, sob a forte defesa de Churchill, a Força Aérea Real (RAF) foi usada para reprimir revoltas curdas e árabes. A tática não se limitava a alvos militares; vilarejos inteiros eram bombardeados de forma punitiva para aterrorizar a população e forçar sua submissão ao poderio britânico.

Na mesma época, a Itália Fascista elevou essa brutalidade a um novo patamar durante sua campanha para subjugar a Líbia, se valendo de armas químicas. Na supressão da resistência Senussi, liderada por Omar al-Mukhtar, o Leão do Deserto, a Força Aérea Italiana não só realizou bombardeios contra acampamentos e civis, mas também foi pioneira no uso de armas químicas lançadas do ar. Aviões italianos despejaram bombas contendo gás mostarda sobre combatentes e populações civis, em uma campanha de terror destinada a aniquilar qualquer forma de resistência. Isso, evidentemente, para não falarmos nos campos de concentração, fuzilamento e deslocamento forçado pelo deserto, o que fugiria um pouco do tema principal deste artigo e que já possuem outras produções específicas na página. [1]

Indo além, podemos citar o exemplo da França e Espanha que também adotaram táticas semelhantes para reprimir a rebelião de Abd el-Krim durante a Guerra do Rif, no norte de Marrocos entre 1921-1926. Diante da incapacidade das tropas terrestres de derrotar os guerrilheiros marroquinos, as forças aéreas combinadas da França e da Espanha lançaram uma campanha de bombardeio sistemático contra a infraestrutura civil que sustentava a revolta. Mercados, colheitas, rebanhos e vilarejos foram deliberadamente atacados do ar, com o objetivo explícito de minar a base de apoio da rebelião, causar fome e aterrorizar a população civil até a submissão. 

A partir de 1924, os espanhóis usaram armas químicas durante o conflito, o que marcou o primeiro emprego generalizado de guerra com gás na era pós-Primeira Guerra Mundial. O exército espanhol usou indiscriminadamente fosgênio, difosgênio (mais potente que o fosgênio), cloropicrina e gás mostarda também contra populações civis, mercados e rios. Segundo o artigo muito detalhado de Pascal Daudin (2023), o uso de gás era parte integrante da estratégia de contra-insurgência contra a rebelião e era geralmente dirigida contra grande concentração de habitações civis.

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Soldados espanhois ostentam cabeças de combatentes marroquinos.

Após um hiato de décadas no pós-guerra, a tática ressurgiu no Líbano nos anos 70, dessa vez como tática do Estado de Israel. No final da década de 1970, sob a liderança do primeiro-ministro Menachem Begin, a inteligência israelense estava profundamente envolvida no sul do Líbano, cuja influência incluía o apoio a separatistas e a realização de ataques a civis. Em 1978, o general Rafael “Raful” Iton se tornou Chefe de Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF). Com a aprovação de Iton, Meir Dagan foi promovido a coronel e encarregado de uma nova unidade secreta conhecida como “região do Sul do Líbano”. Dagan tinha uma reputação por comandar uma unidade que realizava execuções extrajudiciais.

O objetivo dessas operações secretas era causar caos entre palestinos e sírios no Líbano sem deixar uma impressão digital israelense, para que se sentissem constantemente sob ataque e inseguros. Além de uma arma física, tratava-se do clássico terror psicológico típico das ações terroristas. Para isso, Israel se valeu de mercenários locais, incluindo cristãos, xiitas e sunitas, incitando-os uns contra os outros para realizar ataques e causar divisões na sociedade libanesa.

Os explosivos eram fornecidos pela unidade de desativação de bombas da IDF, cujo comandante havia recebido ordens de Iton para cooperar sem saber o propósito final. A unidade, especializada em neutralizar munições antigas não detonadas, bem como foguetes, minas e granadas, usava esse material explosivo para minimizar a chance de qualquer conexão com Israel ser revelada caso os dispositivos caíssem em mãos inimigas.

Dessa maneira, bombas começaram a explodir nas casas de colaboradores da OLP no sul do Líbano, matando todos no local, assim como em posições e escritórios da OLP e nos campos de refugiados palestinos ao redor, causando enormes danos e baixas civis. O brigadeiro-general Amos Gilboa, chefe da divisão de pesquisa da agência de inteligência militar de Israel, descreveu esse período como “um dos mais feios da história do país”, especialmente porque era feito com a aprovação do chefe de estado-maior.

Não obstante, já na década de 1980, essa estratégia escalou significativamente com a introdução de carros-bomba e drones para detonação, sob a liderança de Ariel Sharon como Ministro da Defesa, visando provocar a OLP a atacar Israel como pretexto para uma invasão. Quando Sharon se tornou ministro da defesa, ele estava descontente com o acordo recém firmado entre a OLP e Israel datando um mês antes de tomar posse, possuindo a ambição de ocupar todo o Líbano e até partes da Síria.

Para levar a cabo seu plano, Sharon decidiu “acelerar as coisas”. Ele tinha como objetivo semear tanto caos nas áreas palestinas de Tiro, Sidon e Beirute ao ponto de ocasionar uma razão supostamente genuína e inquestionável para uma invasão israelense.

Como mencionamos, a partir de meados de setembro de 1981, carros-bomba começaram a explodir regularmente em bairros palestinos de Beirute e outras cidades libanesas. Um desses ataques, em 1º de outubro de 1981, matou 83 pessoas e feriu 300, incluindo muitas mulheres presas em uma fábrica de roupas de propriedade da OLP. Outra explosão perto da sede da OLP em Sidon matou 23 pessoas.

Somente em dezembro de 1981, 18 bombas em carros, motocicletas, bicicletas e até em jumentos explodiram perto de escritórios da OLP ou concentrações palestinas, causando dezenas de mortes.

Esses carros-bomba foram desenvolvidos pela unidade de operações especiais da IDF e envolviam o uso de uma das primeiras gerações de drones. Um agente local de Meir Dagan, que chefiava a unidade secreta região do Sul do Líbano, dirigia o carro até o alvo sob observação aérea ou terrestre, estacionava-o e depois saía. Quando os observadores identificavam o momento certo, eles apertavam um botão e o carro explodia.

Sharon esperava que essas operações provocassem o líder da OLP, Yasser Arafat, a atacar Israel, o que permitiria a Israel responder invadindo o Líbano, ou, no mínimo, faria a OLP retaliar contra a Falange (milícia cristã libanesa), permitindo que Israel entrasse em força para “defender os cristãos”. Não passava de pura encenação teatral e instrumentalização da minoria maronita para criar um Estado cristão vassalo ao Ocidente e aos interesses israelenses no Líbano e região, sendo inclusive um plano discutido por algumas lideranças israelenses na época.

Um oficial do Mossad contemporâneo aos ocorridos descreveu as ações como “coisas terríveis” e questionou a lógica de “matar por matar” e usar jumentos carregando bombas para explodir em mercados. Outro agente do Mossad em Beirute observou que eles estavam “ensinando os libaneses quão eficaz um carro-bomba poderia ser” e que tudo o que viram mais tarde com o Hezbollah “surgiu do que eles viram acontecer depois dessas operações”.

Apesar disso, Sharon enganou o gabinete, afirmando que o exército avançaria apenas cerca de 40 quilômetros no Líbano, quando na realidade seu plano secreto com o chefe de estado-maior era muito mais grandioso: conquistar o Líbano até Beirute, destruir as forças da OLP, danificar unidades sírias, instalar um presidente falangista (Bashir Gemayel) e expulsar os palestinos para a Jordânia para estabelecer um estado palestino lá, eliminando assim a demanda por um estado na Cisjordânia (que se tornaria parte de Israel).

Quando a IDF chegou a Beirute, a situação chocou a opinião pública mundial devido ao enorme poder de fogo e à destruição. O próprio presidente Ronald Reagan, ídol-mor da direita neoconservadora hoje em dia, chegou a repreender o primeiro-ministro israelense, dizendo: “você está causando um holocausto em Beirute”.

Poucos anos depois, o Hezbollah inauguraria o uso de táticas similares por um grupo islâmico. Embora os ataques do Hezbollah contra alvos militares americanos e franceses em 1983 tenham marcado seu uso proeminente por um grupo militante islâmico, o verdadeiro ponto de virada tecnológico e tático viria de um grupo secular: os Tigres de Libertação do Eelam Tâmil (LTTE) no Sri Lanka. Foram eles que “aperfeiçoaram” a tática e inventaram o cinto de explosivos, a inovação que define o terrorista suicida moderno que carrega as bombas atreladas ao próprio corpo.

Diferente dos volumosos e chamativos carros-bomba, o cinturão permitia uma precisão mais letal e de resultado assegurado, transformando o corpo do homem-bomba em uma arma de infiltração. Essa inovação, juntamente com o pioneirismo no uso sistemático de mulheres, permitiu ao LTTE contornar as medidas de segurança e maximizar o terror. Os “Tigres Negros”, sua unidade suicida, se tornaram os líderes mundiais em terrorismo suicida, sendo responsáveis pela maioria dos ataques globais até 2003.

A influência do LTTE foi global. Sua invenção mais notória, o cinturão suicida, se tornou a arma padrão para grupos militantes no Paquistão, Afeganistão, Iraque e outros lugares. Sua eficácia demonstrou que o martírio poderia ser uma poderosa ferramenta estratégica, independentemente da ideologia, seja nacionalista, secular ou, mais tarde, religiosa.

Sri Lanka Tweet 🇱🇰 on X: "#OnThisDay 1996 Central Bank Bomb blast, one of the deadliest terrorist attacks by LTTE. 91 dead & 1400 injured @CBSL #LKA #SriLanka #OnThisDaySriLanka https://t.co/hNtWmvXsqL" / X

Ataque ao Banco Central em Colombo, Sri Lanka, realizado pelo LTTE.

A adoção da tática por grupos islâmicos foi, portanto, um processo de apropriação, não de criação. O Hezbollah, após seus sucessos iniciais no Líbano, se tornou um vetor crucial, exportando seu conhecimento para grupos militantes dentro da Palestina.

Essa mudança de alvos, de militares para civis em espaços públicos, marcou a transformação final da tática. De uma arma de guerrilha, se tornou uma ferramenta de terror em massa, concebida para infligir medo e paralisar sociedades inteiras, algo que ficou bem claro após o 11 de setembro e nos ataques terroristas do ISIS. Essa evolução reflete menos uma doutrina religiosa antiga e mais uma característica específica das campanhas dos grupos militantes modernos que a adotaram.

Em resumo, o terrorismo suicida moderno não brotou de textos religiosos antigos ou de práticas medievais, mas das ideologias políticas e dos conflitos do século XX. Foi concebido pelo anarquismo europeu, testado por exércitos estatais e aperfeiçoado até sua forma atual por um movimento nacionalista secular. 

Essa apropriação exigiu uma reinterpretação radical e uma rejeição dos cânones clássicos da lei islâmica, que proíbem o suicídio e o assassinato de não combatentes, tema inclusive já abordado no História Islâmica em outros momentos. Grupos como o Hezbollah e outros, para justificar seus atos, adotaram uma lógica moderna e utilitarista, espelhando a mesma teleologia vista em Churchill. Essa mentalidade é antitética às regras tradicionais do jus in bello islâmico que proíbe expressamente o ataque contra não-combatentes.

O Islã radical, em especial nessa modalidade terrorista e suicida, portanto, não é um retorno ao passado, mas uma manifestação de uma “etiologia europeia”, conforme o texto de Abdal Hakim. O resultado é uma ideologia que, embora use linguagem e estética religiosa, opera com a lógica de um “partido revolucionário internacional”, como descreveu Mawdudi, um dos seus ideólogos. É uma visão que rejeita a complexidade e a prudência do Islã tradicional em favor de um insurrecionismo incondicional.

Apesar disso, o estrago já foi feito. Hoje o Islã é sinônimo de terrorismo e de homens-bomba, sendo o muçulmano médio (inclusive no Brasil) alvo de piadas e até de ataques por ser “confundido” com um terrorista que pode explodir uma comunidade inteira a qualquer momento. A mulher muçulmana, em especial se estiver trajando niqab ou burqa, é vista com suspeição pois pode estar carregando algo perigoso por baixo dos panos e frequentemente costuma ser alvo de ataques ‘islamofóbicos’ covardes.

A estrutura e origem do terrorismo suicida não é religiosa, mas política e revolucionária, e sua justificativa para matar civis inocentes não encontra amparo na tradição islâmica, mas sim nos precedentes de guerra total do século XX. A insistência em vê-lo como inerentemente islâmico ignora sua complexa genealogia e serve apenas para ofuscar suas verdadeiras e perturbadoras origens, agora instrumentalizada por grupos pretensamente religiosos que da noite para o dia se tornaram os “verdadeiros representantes” da religião, muito embora estejam em flagrante contradição com mais de mil anos de tradição.  

Notas

[1] Para mais informações sobre o genocídio perpetrado na Líbia e sua resistência, recomendamos um de nossos posts: <https://www.instagram.com/p/DHmKyKXPbcT/?img_index=1>

Referências

BERGMAN, Ronen. Rise and Kill First : The Secret History of Israel’s Targeted Assassinations. Random House Publishing Group, 2018.

DAUDIN, P. The Rif War: A forgotten war? International Review of the Red Cross, 2023. Disponível em: <https://international-review.icrc.org/articles/the-rif-war-a-forgotten-war-923>. Acesso em: 3 jul. 2025.

GUNIA, A. ‘the birthplace of the suicide belt.’ Sri Lanka’s deadly history of suicide bombings. Time, 2019. Disponível em: <https://time.com/5575956/sri-lanka-history-suicide-bombings-birthplace-invented/>. Acesso em: 3 jul. 2025.

MURAD, A. H. Bombing without moonlight. Masud, 2004. Disponível em: <https://masud.co.uk/ISLAM/ahm/moonlight.htm>. Acesso em: 3 jul. 2025.

NOGUER, M. ERC exige que España pida perdón por el uso de armas químicas en la guerra del Rif. El Pais. Disponível em: <https://elpais.com/diario/2005/07/03/catalunya/1120352849_850215.html>. Acesso em: 3 jul. 2025.

OVERTON, I. A short history of suicide bombing. Action on Armed Violence (AOAV), 2020. Disponível em: <https://aoav.org.uk/2020/a-short-history-of-suicide-bombings/>. Acesso em: 3 jul. 2025.

PRUSZEWICZ, M. The 1920s British air bombing campaign in Iraq. BBC, 6 out. 2014. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/magazine-29441383>. Acesso em: 3 jul. 2025.

SHLAIM, Avi. The Iron Wall: Israel and the Arab World. W. W. Norton & Company, 2014.

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