É impossível não falar de Harun al-Rashid sem falar da pessoa que tornou todo o seu legado e memória possíveis: sua mãe. De fato, assim como Harun, Al-Khayzuran bint Atta tornou-se renomada não apenas pelos seus feitos históricos, mas também pela sua adaptação nos contos das 1001 noites, servindo de base para a personagem Scheherazade.
Do lixo ao luxo, a história de Khayzuran têm muitos paralelos com a do próprio José, o icônico governante hebreu do Egito no Pentateuco Judaico; mas, de certa forma, pode se dizer que em vários pontos ela supera o próprio José; não só pelo status que a nossa figura desenvolveu, mas pelas próprias adversidades e desafios que teve que vencer para alcançá-lo, inclusive pela sua condição de mulher.
Khayzuran nasceu no século oitavo, na região de Bisha, sudoeste da península arábica, cerca de cem anos após a morte do Profeta Muhammad. Devido à escassez de conteúdo em fontes sobreviventes sobre essa fase de sua vida, não sabemos que tipo de vida ela vivia nos seus primeiros anos, ou exatamente em que tipo de lugar. Todavia, considerando os detalhes que descreveremos a seguir, ela muito provavelmente devia viver em alguma comunidade tribal árabe, ou pelo menos não-urbana, como as que viviam nos ermos criando rebanhos, fazendo comércio ou escolta de caravanas pelo terreno áspero. Tal especulação pode ser fundamentada no fato de que, ainda na infância, ela foi sequestrada por um beduíno, cujo episódio seria mais facilmente explicado dentro do cotidiano anteriormente descrito. Uma vez raptada, Khayzuran tornou-se uma escrava, pronta para ser enviada à mercados cujos compradores poderiam vir dos confins mais distantes da terra habitada. A partir deste momento, sua vida estava entregue à sorte, que não só naquela vez iria sorrir para a jovem.
Khayzuran acabou num mercado de escravos localizado nos arredores de Meca, a cidade santa dos muçulmanos. O que é mais curioso, porém, é que estamos falando de uma Arábia já islamizada: não só Khayzuran era de fato muçulmana como seu próprio raptor, provavelmente, também o era. De acordo com a lei islâmica, era terminantemente proibido para muçulmanos escravizar outros muçulmanos, o que tornaria todo aquele procedimento uma atividade criminosa. Os historiadores pensam que, pelo menos naquela época e lugar, a lei islâmica regulando escravidão não era exatamente seguida à risca, talvez pela islamização recente ou pelo ambiente duro e um tanto anárquico da Arábia, ou senão uma mistura dos dois fatores.
Se a sua vida humilde havia sido usurpada do pouco que já tinha, a própria liberdade, os eventos que se desenrolariam no mercador seriam um divisor de água. Em algum momento entre 758 e 765, ela atraiu a atenção de ninguém menos que al-Mansur (r. 754-775), o segundo califa da dinastia Abássida e fundador da cidade de Bagdá. O califa a comprou e a deu ao seu filho e sucessor, al-Mahdi. Eventualmente, Khayzuran se tornaria sua qayna, um termo que designa uma espécie de mulheres não-livres que entreteriam seus mestres; o que significava, mas não se limitava, à sexo.
Descrita pelas fontes como bonita, inteligente, talentosa e de personalidade forte, Khayzuran, como outras mulheres do harém real, era educada em música, canto, astrologia, matemática e teologia como parte da sua função de entretenimento. Khayzuran ainda se destacava por um profundo conhecimento teológico, e com pouca dificuldade foi capaz de se tornar a favorita de al-Mahdi, cuja vontade era cativa aos desejos da sua própria escrava.
“O caminho de Khayzuran para o poder político, como o de muitas mulheres na longa era anterior aos estados-nação de hoje, era via o harém real, ou quartos das mulheres. Como favorita de al-Mahdi, ela desfrutava de um nível de confiança que rivalizava, e pode ter ultrapassado, o de Rita, a primeira esposa e prima de Al-Mahdi cujas origens não poderiam diferir mais das de Khayuran: Rita era linhagem real, a filha de Abu Abbas Abdullah, fundador do império abássida.” (IQARA ISLAM. Rainhas do Islã – De Khayzuran a Zubayda, As Senhoras de Bagdá)
Se aproveitando da posição privilegiada que ela detinha na sua intimidade, Khayzuran foi capaz de fazer o improvável: durante a entronização de al-Mahdi como Califa, em 775, ela convenceu o líder do Império Muçulmano a libertá-la – até ai nada exatamente surpreendente – e se casar com ela; não somente isso, mas ela também foi capaz de fazer o califa ignorar as leis de seu império e privar a princesa Rayta – ou Rita, como foi aportuguesada –, sua primeira esposa, filha de ninguém menos que o primeiro califa abássida, do seus privilégios reais. Era uma agressão severa dos costumes e uma desonra para a própria dinastia, mas nada que uma mulher influente e inteligente como Khayzuran não pudesse lidar.
“Numa época em que se esperava que os califas se casassem com membros da aristocracia, elevar Khayzuran a rainha era uma ruptura ousada com a convenção” (KENNEDY, 2005)
Como parte dessa pequena revolução, Khayzuran conseguiu estabelecer algo importante: não eram mais os filhos da princesa que sucederiam o califa na ocasião da sua morte, mas sim os filhos que ela teve com o próprio, ainda na sua condição de escrava. Isso é significativo também porque, na lei da época, era completamente proibido e impensável que os filhos de uma escrava pudessem sequer entrar no final de uma lista de sucessão; nesse sentido, Khayzuran triunfou contra todas as adversidades, mas este seria só uma de suas várias vitórias.
Oficialmente casada com um califa do Estado mais poderoso de seu tempo e tendo seus filhos como sucessores diretos de al-Mahdi, Khayzuran queria ainda mais. Se aproveitando de sua posição e usando seu talento nato, ela facilmente se tornou a mulher mais poderosa e influente da corte, acompanhando o califa sempre que ele comparecia nela. Durante as sessões da corte, Khayzuran buscava consolidar sua influência nos assuntos de governo, unindo-se com a poderosa família de origem budista dos Barmecidas e tornando-se uma peça-chave no funcionamento das reuniões de Estado. Curiosamente, o califa apreciava as intervenções da sua esposa, cuja inteligência era para ele como mil espadas ao seu serviço. Frequentemente, al-Mahdi pedia o parecer dela na maioria dos assuntos de governo, antes de emitir suas ordens.
“Durante o reinado de seu esposo, Al-Khayzuran foi elevada a uma posição incomum para uma mulher. Ela não estava isolada no harém, mas al-Mahdi permitia que ela se sentasse em um tribunal separado e realizava audiências com generais, políticos e funcionários em seus aposentos, misturando-se com homens e discutindo assuntos de Estado, uma inovação considerada culturalmente inadequada para uma mulher e que enfatizava sua posição poderosa no império. Ela chamou sua mãe, duas irmãs e dois irmãos para a corte, casou-se sua irmã Salsal com o príncipe Já’far e nomeou seu irmão Ghatrif governador do Iêmen.”(MERNISSI, 2003)
Enquanto al-Mahdi passava a maior parte do seu tempo caçando ou se ocupando em formas variadas de entretenimento, ela cuidava dos assuntos de Estado pelo marido, canonizando sua posição de regente e presidindo reuniões na sua residência privada para gerir o Califado. Não somente isso, mas al-Khayzuran criou um aparato burocrático próprio e a sua própria corte, onde aceitava petições e tinha audiências com oficiais e com o povo, governando o Califado e determinando leis.
Khayzuran nunca foi uma governante por direito próprio, tendo agido sempre no governo patriarcal de seus maridos ou filhos. Por conta disso, seus feitos como uma governante foram ofuscadas por figuras femininas mais tardias, à exemplo da própria Shajar ad-Durr (r. 1250 -1257), sultana do Egito. Apesar disso, embora não de jure, Khayzuran foi de facto a primeira mulher soberana do Mundo Islâmico, chegando inclusive a cunhar suas próprias moedas de ouro com seu nome, algo que definitivamente aponta para seu status de soberana.
Ela também aprendeu a ser independente, construindo a própria fonte de renda sem precisar depender dos recursos do palácio ou do Califado. Graças a sua posição, ela estabeleceu acordos privilegiados e construiu uma riqueza imensa por meio do comércio com outros países, tornando-se a mulher mais rica de seu tempo.
Naquela época, esposas de Califas dependiam de seus maridos para se sustentarem, e por vezes, os próprios Califas tinham sua riqueza advinda do Tesouro Estatal. Bastava uma sucessão dinástica ou golpe para todos esses recursos se tornarem inacessíveis, tornando a vida abastada de califas e suas esposas um tanto quanto insegura. Talvez isso possa ser ilustrado pelo caso da própria Muznah, a viúvia de Marwan II, o último califa omíada; isto é, a esposa do último califa omíada que os abássidas trataram de assassinar durante o banho de sangue régio do golpe de Estado em Damasco. Como viúva de um califa assassinado e de uma dinastia execrada, Muznah havia se empobrecido de tal forma que chegou a comover a própria Khayzuran. À despeito de possíveis animosidades políticas, ela foi capaz de fazer al-Mahdi torná-la uma pensionista do Califado até a morte da dita viúva. Na ocasião, o califa havia exaltado Khayzuran pela sua caridade.
Al-Mahdi morreu durante uma expedição militar em 785, acompanhado do seu filho Harun. Na época, nenhum dos filhos de Khayzuran estava presente em Bagdá, o que era um terreno fértil para guerras civis. Na altura da morte de seu marido, Khayzuran já havia tomado controle dos assuntos de governo o suficiente para esconder a própria morte do califa, utilizando desse recurso precioso para assegurar uma sucessão segura para seus filhos. Ela usou a ocasião para pagar os salários dos oficiais do exército e fez todos os soldados jurarem lealdade ao seu filho como novo califa, algo que foi feito sem demais problemas; que compromisso um homem deixaria de executar à mesma pessoa que acabara de dar seu ganha-pão. Só então a morte de al-Mahdi foi notificada, e uma sucessão pacífica se procedeu.
Mas se por um lado Khayzuran moveu tamanhos esforços para ter seu primogênito no trono, por volto o próprio al-Hadi se sentiria extremamente frustrado em ter que dividir seu poder absoluto e inquestionável com a sua mãe, o que atacava seu senso de reputação de forma profunda. Ela continuou fazendo tudo o que já fazia no reinado de seu marido, dando audiências de governo em seus aposentos e discutindo políticas de Estado:
“Ela continuou a monopolizar a tomada de decisões sem consultá-lo [al-Hadi]. Al-Khayzuran se tornou a figura mais poderosa do império durante [o governo do] seu filho Hadi…. Pessoas entravam e saíam de sua porta.” (Ibid)
Não inclinado a permitir demonstrações de autoridade por parte de sua mãe, Al-Hadi se opôs à sua participação de Khayzuran nos assuntos de Estado, procurando excluir sua mãe totalmente dos assuntos de governo. Ele teria dito a ela, uma vez: “não está no foro feminino o poder de intervir… em questões de soberania. Ocupe-se com suas orações e rosários” (Ibid). Al-Hadi desaprovava não apenas a disputa de poder com a sua mãe, mas também o fato dela se misturar com homens, o que ele considerava impróprio. Uma vez, ele se reuniu com seus generais e lhes perguntou:
”Quem é o melhor entre nós, você ou eu?’ perguntou o califa al-Hadi em sua audiência.
‘Obviamente você é o melhor, Comandante dos Fiéis’, respondeu a assembleia.
– ‘E de quem é a melhor mãe, a minha ou a vossa?’ continuou o califa.
– Sua mãe é a melhor, Comandante dos Fiéis.
‘Quem entre vocês’, continuou al-Hadi, ‘gostaria de ter homens espalhando notícias sobre sua mãe?’
‘Ninguém gosta que falem sobre sua mãe’, responderam os presentes.
‘Então por que os homens procuram minha mãe para falar com ela?’ (Ibid)
Apesar de sua oposição, Al-Hadi não conseguiu perturbar a extraordinária base de autoridade de sua mãe, e ela se recusou a se aposentar da política para o harém. O conflito foi finalmente exposto em público quando ela intercedeu em favor de um suplicante e exigiu publicamente uma resposta de seu filho, que perdeu a paciência e gritou abertamente com ela, dizendo:
“Espere um momento e ouça bem as minhas palavras … Se alguém de minha comitiva – meus generais, meus servos – vier a você com uma petição, ele terá sua cabeça cortada e seus bens confiscados. Qual é o significado desses séquitos e multidões em volta da sua porta todos os dias? Você não tem uma devoção religiosa para mantê-la ocupada, um Alcorão para orar, ou uma residência para se esconder daqueles que o cercam? Cuidado e ai de você se abrir a boca a favor de qualquer pessoa. ” (Ibid)
A situação chegou em um ponto de inflexão quando al-Hadi procurou assassiná-la, diante da dificuldade em tirá-la de sua atual posição. O historiador al-Tabari assim nos descreve:
“Yahya b. al-Hasan relatou que seu pai transmitiu a informação a ele, dizendo: Eu ouvi Kalisah dizendo a al-‘Abbas b. Al-Fadl b. Al-Rabi que Musa [o Califa al-Hadi] mandou para sua mãe al-Khayzuran um prato de arroz, dizendo: “Achei este saboroso e, portanto, comi um pouco, então você também deveria comer um pouco!” Khalisah relatou: Mas eu disse a ela: “Não toque nele até que você investigue mais, pois temo que possa conter algo em seu detrimento”. Então eles trouxeram um cachorro; ele comeu um pouco e caiu morto. Musa se encontrou com al-Khayzuran e disse: “Você gostou do prato de arroz?”. Ela respondeu:” Gostei muito“. Ele disse:” Você não pode ter comido, porque se tivesse, eu teria me livrado de você. Quando foi que algum califa ficou feliz com uma mãe (ainda viva)? ” (v. 30 pp. 43-44)
Khayzuran teria encomendado o assassinato do filho após este incidente: é inclusive a opinião da maioria dos cronistas que comentou sobre o caso. Uma razão dada para o assassinato, além da própria tentativa de assassinato de Khayzuran, teria sido os planos de al-Hadi para matar seu irmão Harun al-Rashid, seu sucessor ao trono, com fama já consagrada no Mundo Islâmico e a escolha óbvia da mãe para substituir o filho que não cooperava. Antes que um irmão matasse o outro, a mãe matou um dos seus. Uma das versões de assassinato afirma que al-Hadi morreu por envenenamento, outra que Khayzuran deu a tarefa de matá-lo a uma de suas concubinas escravas, ou jawari, que o sufocou até a morte com almofadas.
“Os conflitos foram escalando até o ponto em que al-Hadi tentou envenenar a própria mãe, sem sucesso. Existem duas narrativas que explicam sua morte prematura: um envenenamento que causou ulcerações letais ou assassinato pelas mãos de uma escrava-concubina, que sufocou o califa até a morte com uma almofada. Com exceção de Ibn Khaldun (1332–1406), todos os escritores medievais – e a própria lógica – indicam que foi a própria al-Khayzuran a tirar a vida do seu próprio filho; as razões, porém, variam ou se complementam. Além da tentativa de envenenamento da mãe, al-Hadi teria tentado envenar Harun, seu irmão mais novo, já que o mesmo deveria sucedê-lo na ocasião de sua morte e al-Hadi provavelmente suspeitava de uma conspiração da sua mãe – ou da sua mãe e de seu irmão – para despachá-lo. Deste ninho de conspirações e contra-conspirações que al-Hadi morreu aos 22 anos e foi sucedido por seu irmão mais novo, que diferentemente de seu antecessor, não fez qualquer objeção às intervenções da mãe e foi capaz de governar sem maiores problemas.
[…]
Harun não apenas soube valorizar o grande conhecimento político e administrativo de sua mãe como apontou ministros competentes, criando uma máquina de Estado eficiente e administrava de forma esplêndida a justiça, as leis, o comércio e policiamento.” (GAIÃO, 2021).
Em contraste com seu irmão, Harun não se opôs à participação de sua mãe nos assuntos de estado, mas, em vez disso, reconheceu abertamente sua capacidade política e confiou publicamente em seus conselhos, governando o Império ao seu lado. Ele estava orgulhoso e admitia que não havia razão para ele ter vergonha de compartilhar seu poder com uma mulher, se ela tivesse tal habilidade e brilhantismo como Khayzuran (MERNISSI, 2003).
“O novo califa sofria no domínio de sua mãe. Talvez fosse porque al-Hadi não estava à altura das expectativas de Khayzuran, ou talvez ele se ressentia da sua preferência de longa data por seu irmão mais novo, Harun al-Rashid. A discórdia não durou muito: Al-Hadi morreu no ano seguinte. (Os rumores diziam que Khayzuran o envenenou, mas não há um relato autoritário). Harun al-Rashid tornou-se califa de um império que se estendia do Marrocos a Pérsia e inaugurou o zênite da era abássida. Quando sua mãe morreu em 789, o califa mostrou as profundezas de sua dor e devoção, ajudando a carregar seu corpo, descalço, através da lama.” (IQARA ISLAM, Ibid)
Demonstrar pesar por uma mãe, esposa ou filha era uma contravenção chocante na cultura abássida, revelando a estima que Khayzuran tinha por parte de seu filho Harun. Além dos dois califas, Khayzuran deu a al-Mahdi uma menina, Banuqa, a quem o califa amava tanto que chegava até mesmo a vesti-la como menino, apenas para carregá-la com ele em suas viagens. Quando Bauqa morreu, aos 16 anos, seu pai criou outro escândalo, ordenando condolências públicas pela morte de sua filha.
No fim das contas, é difícil dizer quais seus legados políticos para o califado Abássida, já que ela agia em nome de seu marido e filhos. Khayzuran costumava legitimar sua autoridade sobre seus filhos por um velho e ditado popular: “o direito de uma mãe é o direito de Deus” (MERNISSI, ibid).
“As histórias não detalham as realizações políticas de Khayzuran, mas moedas foram cunhadas em seu nome, palácios foram nomeados em sua homenagem, e os cemitérios nos quais descansavam os soberanos abássidas também levavam seu nome, testificando não somente ao status mas também a uma generosidade cívica. Notavelmente, ela passou este sentido de dever cívico para Amat al-Aziz, conhecida na história pelo seu desagradável e sonoro nome de “Zubayda”.
A história de Khayzuran é uma de trapos a riquezas, mas Zubayda nasceu em luxo quase ilimitado.” (Ibid)
Para encerrar esta narrativa biográfica, talvez seja conveniente falar sobre seus traços e personalidade:
“As senhoras de alto nível da corte abássida zombavam da presença de Khayzuran, embora ela tenha desviado seu esnobismo com graça cordial. Embora a história não forneça evidência de tensão direta entre Rita e Khayzuran, o fato de que os filhos desta última – Musa al-Hadi e Harun al-Rashid – foram nomeados como herdeiros do califado enquanto os primeiros nunca foram considerados indicam o “reconhecimento tácito de Rita da futilidade de desafiar Khayzuran”, Abbot especula.
Descrita como “esbelta e graciosa como uma cana”, de acordo com Abbott (khayzuran é o árabe para “cana”). […] Diz-se que ela também gostava de piadas práticas e compartilhava o senso de humor de al-Mahdi, como por exemplo, zombando em privado das mudanças de temperamento do califa al-Mansur. No entanto, quando se tratava de governar, ela lidava como uma questão de negócios.” (Ibid)
Bibliografia
GAIÃO, Pedro. Harun al-Rashid, o califa árabe que inspirou os contos das 1001 noites. História Islâmica, 15 de junho de 2021. Disponível em: < https://historiaislamica.com/pt/harun-al-rashid-o-califa-arabe-que-inspirou-os-contos-das-1001-noites/>. Acesso em 20 de junho de 2021.
IQARA ISLAM. Rainhas do Islã – De Khayzuran a Zubayda, As Senhoras de Bagdá. Disponível em: < https://iqaraislam.com/rainhas-isla-de-khayzuran-zubayda-senhoras-de-bagda?fbclid=IwAR2Hme2_f7Jr2q5StiLoOhZ8OBiXTxdUsVeWVSH6piSbGQB9fj9I497vCVE >. Acesso em 18 de junho de 2021.
MERNISSI, Fatima. LAKELAND, Mary Jo. The forgotten queens of Islam. Oxford University Press, 2003.
BENSON, Bobrick. The Caliph’s Splendor: Islam and the West in the Golden Age of Baghdad. Simon & Schuster, 2012.